28 de janeiro de 2006

Estrela que risca o céu,
Em noite de negro véu,
Por sobre os que estão ao léu,
Povoados de ilusão;
Brilha em total plenitude,
Qual notas de um alaúde,
Espalhando-se em virtude
Nos hinos de uma canção;
Doce estrela peregrina
Que pareces pequenina
Ante a presença divina
Em negro véu da amplidão;
Meu nauta do céu escuro,
Eu cá de cima do muro,
Fitando o teu rastro puro
No negro da imensidão,
Penso em contar-te um segredo,
Não digo, pois tenho medo,
Quando apontar-te o meu dedo,
Verás em meu coração...
É isso mesmo que viste
Um coração puro e triste
Por saber que o amor existe
Mas longe de minha mão,
Peço-te estrela bendita,
Pela fronte que te fita
Pelo seio que palpita,
À procura de emoção,
Pela dor de estar sozinho,
Pelas pedras de um caminho
Sem luz, amor ou carinho,
Nem falas de uma paixão;
Peço com toda humildade,
Procura, ali na cidade,
Um amor que, de verdade,
Vá curar meu coração.

Carlos Eduardo Drummond

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