19 de junho de 2009

O doce que ela vendia
Não tinha açúcar somente...
Tinha outro ingrediente,
Que no peito se escondia.
Inocente — Eu não sabia...
Por isso, freqüentemente,
Depois do almoço, eu comia
Aquele docinho quente,
Bem crente que me valia,
Assim, de modo patente,
A sobremesa do dia.
A cada doce eu sentia
Algo um pouco diferente...
À tarde — um bom-bom de nozes,
À noite — um sorriso quente,
Que na boca derretia.
E o meu coração fremente,
A cada hora mais forte,
Palpitava pela moça,
Que aquele doce vendia.
Era amor adolescente,
Um amor de livraria,
Veloz, apressado, urgente,
Amor meigo, inconseqüente,
No meio daquela gente,
No meio da euforia,
Amor sensível, pungente,
Que aflorava à revelia,
Povoava a minha mente,
E o coração preenchia.
Era, de fato, um presente,
Uma alegria contente,
O amor que entre nós surgia.
Contudo, esse amor ardente
Tornou-se meu penitente,
Meu carrasco, minha harpia,
Minha dor, minha serpente,
E o meu maior delinqüente.
Roubou, de mim, a alegria
De amar no meio da gente,
De amar em plena euforia,
Como faz o adolescente.
Tirou, de mim, friamente,
O doce que eu mais queria,
O meu último pedaço,
Minha última fatia...

Carlos Eduardo Drummond

14 de junho de 2009

(Foto: Carlos Eduardo Drummond)

Pico Aconcágua, ponto culminante da América do Sul, entre o Chile e a Argentina.

“Fotografar é congelar um momento eternizado no calor do coração!”
Carlos Eduardo Drummond

6 de junho de 2009

Procuro alegria na canção triste
E tristeza na mais alegre poesia
Um dia encontro o que não existe
Na existência de um outro dia...

Carlos Eduardo Drummond