Escrevi o
“Poema de Aniversário” há pelo menos 10 anos, na véspera de completar mais um
ano de vida. Naquela noite, não imaginava as inúmeras surpresas que os versos
dessa obra me trariam. Li o poema publicamente no dia do meu aniversário, durante
um almoço de confraternização. Não muito tempo depois, o enviei para um amigo
publicar em seu Blog. A partir desse
momento, a força da poesia assumiu o controle e eu deixei de ser o único
responsável pelo destino do poema. O texto passou a figurar
em outros Blogs e Sites, de origens e pessoas
desconhecidas, na maioria das vezes em forma de presente. Essas primeiras publicações
tinham esse perfil, mas a poesia nos leva a caminhos surpreendentes e o texto atravessou
fronteiras.
Em dezembro de
2008, foi publicado pela primeira vez, na Agenda do Escritor, da Litteris
Editora. Considerando essa edição, o poema já conta, entre Jornais, Revistas e Livros,
com oito publicações, no Brasil e no exterior. Entre outros periódicos, o Jornal “O
Varginhense”, de Varginha, MG, o “Informativo Publicitário MP Marketing & Psicologia”,
de Porto Alegre, RS, e as Revistas Digitais “AC Digital” e “Povo”, esta última,
de Lisboa, Portugal, me deram a honra de publicar meu poema em suas páginas.
O fenômeno das
redes sociais não ficou de fora e lá também figura o simpático poeminha. No Youtube, por exemplo, o poema ilustra um
vídeo de aniversário que tem, como trilha sonora, a música “Nem todo dia é como hoje”, da banda de reggae “Chimarruts”.
Encontrei também citações no Twitter,
no Instagram, no Webstagram, no Fotolog, no
extinto Orkut e, claro, no Facebook. Especialmente neste último, entre
outras citações, localizei o poema na página do Deputado Federal Rogério
Carvalho, de Sergipe, e, curiosamente, na Fan
Page Oficial do poeta Carlos Drummond de Andrade, no dia em que ele
completaria 112 anos.
A semelhança
com os nomes me leva a acreditar que muitas vezes o poema foi mencionado porque
se pensou ser de autoria do poeta mineiro. De fato, alguns Sites o publicaram atribuindo sua autoria a Carlos Drummond de
Andrade. À exceção de uma revista em especial, não me esforcei para esclarecer
essa confusão nesses poucos Blogs e Sites. O texto estava sendo propagado, e
isso, para mim, tinha importância maior.
Com o aumento
da exposição virtual, o poema passou a ser citado e até reinventado. O
jornalista Zeca Barroso, de Brasília, o mencionou em uma crônica publicada em
seu Site. A portuguesa Ana Paula
Figueira também o fez, dessa vez para ilustrar uma crônica publicada no Site do “Diário do Alentejo”, de
Portugal. Internautas também ousaram alterar o texto, reescrevendo o poema com
suas palavras ou apenas inserindo trechos complementares para dar seu toque
particular a obra e a mim uma parceria inusitada.
Imagino que as
publicações na Europa tenham relação direta com o verbete criado em meu nome,
por conta exatamente desse badalado “Poema de Aniversário”, no Site “Ciberduvida”, de promoção e
divulgação da Língua Portuguesa, que tem apoio do Ministério da Cultura de Portugal
e patrocínio do Governo Português. Essa constatação, talvez, seja uma das
partes mais interessantes de tudo o que narrei até aqui. É curioso perceber que esse meu poema fez o caminho inverso da “Última flor do Lácio”, que há mais de 500
anos chegou ao nosso território.
Descontadas
outras formas de menção não listadas aqui nesta crônica, o poema continua a
encantar internautas e leitores do Brasil e do mundo, superando uma
centena de publicações. No “Yahoo Respostas” ou numa “Apresentação de
Sociologia do Site Prezi”, nas “Listas
de Aniversariantes” ou nos “Livros de Visitas”, nas “Associações de Famílias”
ou em “Clubes de leitores”, nos “Fóruns Espíritas” ou nos “Votos de Feliz
Aniversário dos Ex-Combatentes da Guiné”, nas “Comunidades Literárias” ou nas “Celebrações
de Bodas”, nos “Sites de Festas” ou, ainda, nas “Listas de Poetas e Pensadores”,
as despretensiosas rimas desse poesia figuram em silêncio à minha revelia.
Não sei aonde
este poema vai me levar. Contudo, me traz a gostosa sensação de dever cumprido
no ofício de poeta, pois desempenha a função da poesia em sua essência mais
pura, fornecendo palavras e ideias a quem deseja mencioná-las com um mínimo de
amor, beleza e encantamento. Mais do que sentir tudo isso, a existência do
“Poema de Aniversário” me dá a certeza de ter valido a pena um dia começar a escrever
no silêncio do meu quarto, no final dos anos 80, quando a Internet ainda não tinha chegado ao conhecimento das massas.
Carlos Eduardo Drummond