O WhatsApp se tornou uma espécie
de TV, cuja programação é comandada por seus contatos. A pessoa elabora uma
grade multimídia e diariamente envia para a tela do seu smartphone. Um vídeo
supostamente engraçado, uma crítica ao PT, outra ao Bolsonaro, o assalto
ocorrido no bairro, uma cena escatológica, uma bizarrice, um link duvidoso, e sexo, muito sexo. A
variação é infinita, o nível de utilidade, quase sempre baixo. Diferentemente
da TV tradicional, no WhatsApp a programação não tem horário fixo e divisão por
temas. Você recebe um vídeo pornô, às 11h da manhã, e uma risada do Mootley, um minuto depois. Claro, de
manhã a TV ZAP começa sua programação com o tradicional "bom dia!", que é repetido
em coro naquele grupo de amigos da faculdade. À noite, alguns “diretores” encerram a programação, enquanto outros continuam madrugada afora, com fotos em
festas, shows, e outras cenas testemunhadas ao vivo. No meio dessa miscelânea
virtual, salvam-se as mensagens realmente úteis, de voz, ou de texto, que se tornaram o terror das empresas de telefonia. Aprecio novidades tecnológicas,
especialmente ferramentas de comunicação, mas, confesso, não quero ser
assinante da TV ZAP. Já saí de alguns grupos (não sem arranhões) e mantenho
silenciados os poucos que ainda me têm como participante. Da lista de contatos,
volta e meia, preciso pedir gentilmente que me tirem da “programação” diária,
ou, pelo menos, que diminuam a carga. E só assim usufruo dessa ótima
ferramenta, economizando tempo e dinheiro.
Carlos Eduardo Drummond