14 de outubro de 2012

(Foto: Carlos Eduardo Drummond)

SONETO A UM CONDENADO À MORTE
(Tragédia na França do Século XIX)

A Victor Hugo
(Le denier jour d’un condamné)

Fria sentença: à morte condenado,

Ideia lúgubre lhe vem à mente,
Sorte dele e da lâmina serpente
Que, juntos, selam o fúnebre noivado.

A poucas horas do terrível fado,

A guilhotina é preparada. Rente,
Um cesto é posto, onde, ao olhar da gente,
O cadafalso espera o renegado.

A multidão se estreita, ali, na esquina

Da grande Praça, palco do infeliz
Que espera a hora da carnificina.

— Não há mais tempo (o atroz carrasco diz),

Está na hora — desce a guilhotina...
Cala-se a voz, mas quem morre é Paris.

Carlos Eduardo Drummond

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