13 de junho de 2017


Eu quero ouvir você olhando o vento,
E quero ver você cantando alto,
Mas não procure, assim, de modo incauto,
Zombar da força do meu pensamento.
Não deixe a glória desse sentimento
Julgar meus dons e me tomar de assalto.
A mesma angústia e o mesmo sobressalto
Crucificaram-me em seu Julgamento.
Mas a verdade é um dom que vem de Deus,
E contra Deus ninguém conspirará.
A Ele entrego a luz dos sonhos meus,
Em suas mãos, entrego quem virá...
E assim construo, sem dizer adeus,
A estrada longa desse meu penar.

Carlos Eduardo Drummond

2 comentários :

Chellot disse...

"Eu quero ouvir você olhando o vento"
Só nesse primeiro verso encontrei tanta poesia que confesso haver ficado um tempo de ouvidos atentos.

Encontrei sua página "ao acaso", se em verdade existem acasos. Pesquisava sobre poesia e sua página apareceu na minha tela.

Desejo que a poesia sempre esteja presente em sua vida.

Abs,
Cláudia Miqueloti

Carlos Eduardo Drummond disse...

Oi, Cláudia,
Obrigado pela visita e comentários. Também gosto particularmente do verso citado por você. A título de curiosidade, esse poema é um desabafo sobre as críticas desproporcionais ao meu mais recente livro: Caetano - Uma biografia (a vida de Caetano Veloso, o mais Doce Bárbaro dos Trópicos).
Grande abraço... volte sempre!